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Terça-feira, 30 de Abril de 2024
Paulinas - A comunicação a serviço da vida
Mensagem do dia 18 de abril
Vivendo em ritmo de Páscoa!
Vivendo em ritmo de Páscoa!
Pixabay

Se, por acaso, num dia acordássemos numa sociedade bem organizada e harmônica, numa terra sem males, farta, mas vazia de espontaneidade, como nos sentiríamos? Se andássemos pelas estradas, no meio dos humanos, desprovidos do mistério, da poesia, da alegria espontânea, sem intuição e sem afetividade, como conseguiríamos viver? Se não tivéssemos mais lutas para cantar vitórias, nem barreiras para conquistar liberdades, o que faríamos de nossa existência?

É o ritmo que dá beleza a toda a música. E este, necessita de tempos fortes e tempos fracos, nem só fortes, nem só fracos. O ritmo da vida normal também experimenta tempos alternados, relevantes e irrelevantes, fracos por nossos limites e fortes por nossas possibilidades e, acima de tudo, pelas possibilidades que Deus potencializou em nós.

O ritmo pascal de nossa vida experimenta cruzes e mortes, esperanças e ressurreições. Em nosso viver diário, sempre se faz importante a expressão: “Apesar de...” Como é bonita a fé cristã no Crucificado-Ressuscitado que consegue administrar o dia a dia da vida, formulando expressões como estas: “Apesar dos pecados, existe a misericórdia”. “Apesar dos sofrimentos, existe a força da fé e a solidariedade humana”. “Apesar de nossas perdas, temos possibilidades de novas conquistas”. Apesar de necessárias renúncias, temos uma reserva de graças por onde transitar com novas escolhas.

Quando nos falta sentir e acolher o ritmo Pascal da vida, vamos tecendo as alternâncias da vida como se tudo fosse uma fatalidade. “Tinha que acontecer...!” “É assim mesmo...!” E a vida passa, sem relevância, quando não, sem sentido. Interpretando e experimentando a vida em ritmo pascal, tudo vai se iluminando, até mesmo as trevas. Quando o sol se põe, já garante um novo amanhecer!

Já sabemos demais que nossa vida não transcorre sempre “num mar de rosas”, até porque não há rosas sem espinhos, como não há ressurreições sem cruzes. Difícil é admitir que a dor faz parte do amor, que a morte faz parte da vida, como o grão de trigo que necessita sujeitar-se a morrer para produzir frutos.

Como seríamos diferentes se conseguíssemos ensaiar, cada dia, a vida em ritmo de Páscoa. Certamente iríamos descobrir muitos tesouros no solo e no subsolo de nossa existência, tantas vezes malvista por nós mesmos e exposta à rotina e à monotonia. Deus nos criou para sermos mais do que somos, para sermos melhores do que aparecemos e maiores do que nossa estatura física.

Deus, encantado com o ser humano, criado à sua imagem e semelhança, é também o Deus apaixonado que nos enviou seu Filho; assumiu nossa condição humana em tudo, menos no pecado; sujeitou-se a se tornar pecado por nós, a fim de nos redimir; sendo crucificado, ressuscitou para levar consigo cada pessoa e toda a humanidade à possibilidade de vida em plenitude. Valemos tanto, quanto o amor de um Deus que deu a vida por nós.

Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 02.