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Sábado, 27 de Abril de 2024
Paulinas - A comunicação a serviço da vida
Mensagem do dia 28 de março
Em Cristo a festa mudou
Em Cristo a festa mudou
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Não faltam cargas de preconceitos quando nos referimos a Cristo, à fé e à religião. Por falta de formação, é possível que um bom número de pessoas, logo pensem que, em Cristo, a festa mudou para pior. Tantos imaginam que Jesus veio morar conosco para desmanchar prazeres e jogar um balde de água fria no entusiasmo da vida. Enquanto persistir esta visão preconceituosa por uma visão moralista ou permissiva, sempre haverá uma barreira para unir o que há de mais precioso que é a fé com a vida e a vida com a fé.

Realmente, em Cristo, a festa mudou! Por ser filho de uma cultura e de um povo, ele participou ativamente das festas religiosas de Israel. Mas, foi entrando no coração das festas do tempo, que Jesus conferiu um novo significado. A partir de Cristo, a razão da festa centra-se na salvação realizada por ele. João menciona a ida de Jesus a Jerusalém para a festa das Tendas (cf. Jo 7,2ss). É ali, dentro da festa que ele manifesta qual é o novo centro e a nova razão da alegria (Jo 7,37-39).

Na festa da dedicação do Templo, ocorre a mesma mudança quando ele mostra ser o novo Templo, identificado com o Pai (cf. Jo 10,22ss). É evidente que a maior revolução da festa acontece em torno da festa da Páscoa. Da antiga libertação passa a realizar a nova e definitiva libertação. Ele se faz o Cordeiro Pascal, imolado por nós. Além do mais, a Páscoa, a partir de Cristo, passa ser a festa da humanidade, de todos os povos.

O livro do Apocalipse amplia ainda mais a alegria da festa quando apresenta a multidão dos eleitos, com ramos nas mãos, cantando novos cânticos festivos ao Cordeiro Pascal, que os libertou com o seu sangue (cf. Ap 5,7-12; 7,10ss; 14,3).

A Igreja, comunidade dos discípulos de Cristo, prosseguindo nos caminhos da história, assumiu a missão de mudar o rosto da festa, imprimindo-lhe o modo novo de vivê-la, na dinâmica da mudança que Cristo inaugurou. A antiga festa do descanso ligada ao sábado, por imitação do descanso divino na Criação, passa ao Domingo. O Cristianismo vê o Domingo, dia da Ressurreição (cf. Mt 28,1ss).

A fé cristã não opõe a festa como inimiga do Cristão. Qualquer pessoa de bom senso reconhece que existem modos e modos para festejar. Por ter razões de partilhar a alegria da vida, o Cristão é chamado a saber os limites e modos de uma festividade. Conheço uma admirável cristã de mais de cem anos. Sua filha que a acompanha contou-me que ela gosta muito de festa. Geralmente é uma das primeiras que chega e uma das últimas a sair. Um dia perguntei à vovó se ela gostava de festa. Respondeu-me que, assim como se sente feliz na Missa da comunidade, também se sente feliz com a alegria dos outros numa comemoração festiva.

Como em Cristo a festa mudou, creio que nós cristãos podemos contribuir para que a festa se encaixe também num caminho harmonioso de salvação e não de perdição. A fé, cuja luz parte de Jesus Cristo também pode brilhar com sentido novo em nossas pequenas ou grandes festas do cotidiano.

Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 02.