A quase 70 quilômetros da capital argentina, está a pitoresca cidade de Luján. Suas origens remontam ao ano 1536, quando, às margens do rio homônimo que atravessa a cidade, os índios executaram o capitão Pedro Luján. Quase um século depois, ela passou a se desenvolver em torno da igreja de Nossa Senhora de Luján, hoje Basílica e Santuário mariano que guarda a imagem da Padroeira da Argentina.
Segundo a história e a tradição cristã, Farias era um rico fazendeiro português que vivia na região de Córdoba em 1630. Para a capela que construía na sua propriedade, encomendou a um amigo residente no Brasil uma imagem de Nossa Senhora. O patrício despachou duas caixas: uma com a imagem só da Virgem Maria e outra com a imagem de Nossa Senhora segurando o Menino Jesus nos braços. Quando a carroça que as transportava chegou a Luján, os tropeiros decidiram pernoitar na estância de Dom Rosendo. Na manhã seguinte, os bois não conseguiam puxar a carroça. Para aliviar o peso, seria preciso retirar algumas das encomendas, mas ficaram surpresos ao perceber que bastou descarregar uma das pequenas caixas vindas do Brasil para a carroça se mover. Intrigados, abriram para ver o que continha e encontraram uma pequena imagem de 38 centímetros, da Virgem Maria com as mãos unidas junto ao peito. Os tropeiros entenderam que era um aviso do Senhor e resolveram deixar a imagem para ser venerada naquele local.
Avisado sobre o acontecimento milagroso, Dom Rosendo mandou erguer um pequeno oratório para guardar a imagem da Virgem e designou um escravo negro chamado Manuel, já convertido, para ser o zelador. Manuel, então, se consagrou à Virgem Maria e seguiu sempre cuidando da sagrada imagem. Em 1670, com a morte de Dom Rosendo, a propriedade ficou abandonada, mas o oratório não, pois o fiel devoto Manuel continuou zelando pela imagem de Nossa Senhora.
No ano seguinte, a ilustre Dona Ana Matos, proprietária de uma estância às margens do rio Luján, pediu ao padre Oramas, administrador dos bens do falecido Dom Rosendo, para ficar com a imagem, pois queria erguer uma capela particular. Com sua aprovação, levou-a para casa, mas dispensou os serviços do velho Manuel, que ficou ali, no oratório solitário, rezando para a Santíssima Virgem diante do altar vazio. No dia seguinte, milagrosamente, a imagem apareceu no antigo lugar. Avisada, Dona Ana tornou a levar a imagem para sua casa, e o prodígio se repetiu.
Assustada, ela comunicou tudo ao padre Oramas, que informou o acontecido ao bispo e ao governador de Buenos Aires. Estes foram ao local e verificaram a veracidade dos fatos. Por isso, decidiram transladar em solene procissão a sagrada imagem da Virgem, acompanhada do fiel devoto Manuel, que continuaria seu zelador na nova capela. E nesse local ela se mantém até hoje.
A notícia dos milagres de Nossa Senhora de Luján correu depressa pelas populações vizinhas. Em 1685, foi erguida a primeira grande igreja que se tornou o centro da vila de Luján. A primeira pedra da Basílica atual foi colocada em 1887, na mesma solenidade da coroação canônica de Nossa Senhora de Luján, transcorrida sob as bênçãos do papa Leão XIII, que indicou o dia 8 de maio para sua festa anual. Mas a magnífica arquitetura da Basílica só foi totalmente concluída em 1935, sendo então declarada Monumento Histórico Nacional. O papa João Paulo II, em visita à Argentina, em 1982, orou aos pés da Virgem de Luján e abençoou esse Santuário.
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