Nada agradável é a sensação de quem está percorrendo um caminho desconhecido e este chega ao fim. Não tendo como ir adiante, o jeito é dar uma ré e procurar outra estrada alternativa. Se todos os caminhos levam a Roma, certamente a possibilidade de prosseguir pode ser auxiliada com uma volta para traz. Com o tempo não é assim! O único final do tempo só acontece quando se abre diante de nós a eternidade. Um minuto, uma hora, um dia, uma semana, um mês e um ano que passa não nos permitem voltar atrás.
Chegamos ao final de um ano! Por maiores que sejam nossas teimosias não há como parar o relógio da vida. Para não nos vermos com a mão no arado, olhando para traz, o melhor jeito é jogar o foco de luz para frente e perceber que a fé sempre aponta para o começo. Cada entardecer já traz consigo o anúncio de um amanhecer. Cada noite que nos envolve já aponta para um novo dia. Cada etapa do caminho percorrido garante um novo caminho.
Como humanos que somos não é estranho, que ao chegarmos ao final de um ano, ouçamos certos lamentos: Estamos envelhecendo! O tempo corre impiedosamente e ninguém consegue parar! Estou cansado! Não aguento mais o corre-corre da vida! etc. Estas e outras lamúrias, até certo ponto, fazem parte de nossos desabafos naturais. O pior não é o lamento, mas o risco de ir se entregando e se acomodando como se fôssemos vítimas do calendário.
A fé cristã, quando cultivada no cotidiano da vida não nos permite chegar ao fim de ano caídos sob o peso de um fardo insuportável. Se o cansaço chegar é importante ouvir, como ditas a nós, as palavras de Jesus Cristo: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus... e encontrareis descanso para vós. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11,28-30).
A vida nos ensina que o risco de carregar a cruz sem Cristo é tornar a vida insuportável. A fé garante que as piores cruzes, com Cristo, preparam as mais felizes vitórias. A fé sempre aponta para o começo! Quem se dá conta desta verdade, consegue chegar ao fim de ano com sabedoria, com realismo e sonhos de esperança.
Sabendo que a fé aponta para o começo, somos chamados a sintonizar e entender os segredos da vida. Um dos mais importantes segredos que a vida nos ensina pode ser colhido quando aprendemos a avaliar os acontecimentos do passado. O bom discípulo de Cristo, também é chamado a ser discípulo da vida. A vida ensina! A história continua sendo mestra da vida!
A alegria de termos chegado ao final de um ano, já é, por si só um motivo de exultação. Quanta gente começou o ano e foi colhida pela irmã morte. Poder concluir uma etapa da vida, mesmo com quedas e provações é um imenso dom. A gratidão que deve brotar do coração deve ser espontânea porque não estamos enterrando uma fatia de nossa vida, mas estamos seguros de estarmos ressuscitados nesta etapa que termina para começar.