Os últimos meses do ano, geralmente vão acumulando nos ombros, na mente e no coração um certo tipo de cansaço que dificulta o acordar da esperança. Mais ou menos acontece como no entardecer de um dia corrido, desgastante e carregado.
O fim do ano chega! Vemo-nos contagiados por certa sonolência que clama por férias, descanso e distração. Creio ser um bom direito poder desfrutar tempo para descontrair, dormir melhor e recarregar as energias para outra etapa que virá com a chegada do Ano-Novo.
Porém, neste meio-tempo de fim de ano e ano novo existe uma festa que se chama Natal. Ali desponta uma presença nova, um choro de criança, um cenário de indizível ternura e um acontecimento envolvente da máxima bondade de Deus. Só não vê e só não ouve bem quem não tem coração.
A proximidade do Natal é um período providencial para acordar a esperança e centrar o foco de nosso olhar, de nosso pensamento e nossas práticas naquele que é o princípio de toda a esperança: Jesus Cristo. Como se fosse o primeiro dia da criação é a novidade do Natal!
Nascimento não é simples palavra que rotula uma data. Nascimento é a própria dinâmica do amor criador e redentor de Deus. Não estamos aqui na terra para caminhar em direção à morte, nem para nos anular no envelhecimento e no tédio. Caminhamos na história em ritmo de nascimento.
Há momentos na vida, em que nos vemos necessitados de ajuda para acordar a esperança adormecida pela rotina e o desgaste de nosso cotidiano. Neste tempo vem a Igreja com a atualidade da liturgia, proclamar as palavras dos profetas, para apresentar João Batista e nos mostrar Maria, a Mãe da esperança.
Estas figuras inconfundíveis do Advento nos lembram de algo que já sabemos, mas temos dificuldade de nos convencer. Por exemplo: que Deus é Pai e nos ama, que devemos amar-nos com sinceridade, que Cristo, nossa esperança nasce, morre e ressuscita. O Cristianismo é simples! Por isso os simples o entendem tão bem e tão rapidamente.
Neste tempo especial percebemos que o cristianismo pode nos tornar pessoas simples e entusiasmadas com a vida. Se encararmos a fé cristã como complicada e uma ameaça à nossa liberdade, ainda não acordamos para o melhor da vida que ela nos oferece.
Para acordar a esperança necessitamos nos envolver pela simplicidade e pela ternura do Natal. É neste mistério de singeleza que Deus revela seu rosto e vem para descomplicar a caminhada humana, estabelecendo novas relações de amor.
Para acordar a esperança pouco ajudam os grandes barulhos da publicidade consumista e as sofisticadas vitrines de um mercado sem alma. O silêncio da contemplação e a “brisa suave” da beleza de Deus vão acordando a esperança que não nos decepciona no dia seguinte. Em cada Natal, acordamos a esperança e nos colocamos em ritmo de nascimento! Assim, podemos iniciar o caminho de um novo ano, como dom de Deus e alegre responsabilidade.
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