O dia de finados sempre vem carregado de sentimentos, lembranças e emoções que nenhuma lógica humana sabe justificar. O clima diferente faz diminuir as palavras e concretizar gestos de vida, homenagens e sinais de proximidade com quem já não está mais fisicamente próximo. Um ar de mistério movimenta multidões aos cemitérios, jazigos, túmulos e até mesmo nos espaços onde as cinzas foram espalhadas.
A cada ano confirma-se aquela verdade popular que nos afirma: “O pior da morte não é morrer, mas ser esquecido”. Aqui nota-se que a imortalidade não é tanto uma questão a ser explicada pela lógica humana, nem a ser negada pela nossa razão, nem confundida com doutrinas humanas que se cristalizam nos tempos. A imortalidade de cada vida humana nos é garantida na profundidade de nosso mistério, lá onde nos conectamos em linha direta com a fonte da vida, com o amor criador de Deus.
Os que nos amaram e aqueles que amamos, não passam. São presenças inesquecíveis que fazem parte de nosso ser e nossa história. O dia de finados é um momento onde voltamos a sintonizar, a partir da fé em Jesus Cristo, com aqueles e aquelas, que continuam falando no silêncio, que estão presentes na ausência e, pela comunhão em Deus, estão em comunhão conosco.
“Para qualquer pessoa que reflete, a fé dá-lhe uma resposta à sua angústia sobre a sorte futura. Ao mesmo tempo oferece a possibilidade de comunicar-se, em Cristo, com os irmãos queridos já arrebatados pela morte, trazendo a esperança de que eles já tenham alcançado a verdadeira vida junto de Deus” (Gaudium et Spes, n. 18).
A morte dos outros faz pensar também na nossa, pois esta é inevitável para todos. Esta realidade, longe de diminuir o sentido da vida, nos dá argumentos para viver plenamente cada momento com gosto de eternidade. E este gosto de eternidade nos é oferecido pela possibilidade de amar, pois só o amor nos eterniza.
O que marcou a condição humana dos que morreram e o que marca a nossa condição humana como vivos, é a experiência de nos sentirmos sempre diante do horizonte da morte, não como fim, mas como partida. Outro parto faz acontecer um novo nascimento. Este horizonte, longe de ser um argumento de medo e fuga, dará às nossas ações um caráter de transcendência e irrepetibilidade.
O dia de finados, além de ser um momento de comunhão, intercessão e homenagem aos nossos mortos, é também uma oportunidade para lembrar que nosso viver também está sempre diante de um espaço de tempo limitado. E é isso que dá às nossas opções e compromissos um caráter de urgência que jamais teriam, se não vivêssemos diante de um horizonte finito.
Como a liberdade de quem já partiu, a nossa também é chamada a se responsabilizar diante da provisoriedade da vida. Assim nossos atos cotidianos adquirem um valor tão decisivo que não nos permitem ser indiferentes e nem nos acomodar. Nosso viver tem um peso eterno de glória, se com glória investimos nossa liberdade e nossas escolhas.
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