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Sexta-feira, 26 de Abril de 2024
Paulinas - A comunicação a serviço da vida
Mensagem do dia 18 de outubro
Onde vão parar os idosos?
Onde vão parar os idosos?
Pixabay

No cenário de nossas famílias e da sociedade há uma realidade que chama atenção, diante da qual não podemos ficar indiferentes. Trata-se do futuro das pessoas idosas. É comprovado que na população, em geral, o número de pessoas idosas está aumentando rapidamente. Prevê-se que nos próximos dez anos venha a duplicar. Até 2050 chegue a 2 bilhões de pessoas na terceira idade.

A longevidade parece sempre mais favorável com a ajuda da ciência e a evolução de muitos meios favoráveis. Porém, está sendo mais do que comprovado que, não é suficiente o aumento de tempo da vida humana. Para quem considera a qualidade global da vida, não basta garantir mais anos à vida. Quanto se vive, é importante, mas é muito mais importante o “como se vive”.

Há alguns anos tive a graça de visitar um Kibutz em Israel. Neste tipo de fazenda economicamente independente, na qual tanto o trabalho, como a administração é coletiva, comprovam-se experiências humanas inspiradoras. Dentre elas, a que mais me chamou atenção é o modo como são vistos e tratados os idosos. Na partilha igualitária, que garante a sobrevivência, os idosos recebem como todos os trabalhadores, porque são considerados os sábios do Kibutz. Sua contribuição na comunidade é a partilha da experiência de vida e a sabedoria. Em nosso mundo ocidental, tudo é muito calculado em termos de impacto econômico e produtividade. Esta visão limitada se torna sempre mais uma ameaça aos direitos das pessoas idosas. Lamenta-se que a sociedade dita “eficiente” dos nossos dias empurre para a marginalização as pessoas mais vulneráveis, incluindo na linha de frente as pessoas de idade avançada, como se fossem um peso e um problema para a sociedade.

O fenômeno da longevidade da vida, deveria se tornar um motivo de contentamento social e familiar. Porém, para assegurar esta positividade do fenômeno precisamos pensar criativamente em novas estratégias políticas, econômicas e sociais. A própria Igreja se vê desafiada, não só a oferecer momentos de oração, mas também oportunizar espaços de ocupação e convivência, de sadio lazer, comunicação e cuidado favorável à dignidade humana dos idosos.

É louvável o movimento da terceira idade, como possibilidade favorável à ocupação e socialização dos idosos. Porém, não podemos ignorar os riscos de certas organizações que exploram as carências afetivas de muitos idosos solitários, como pretexto para expô-los a doenças contagiosas e comprometer suas economias.

Outra realidade em relação ao processo de crescente envelhecimento é o aumento de geriatrias. Muitos idosos procuram este recurso para assegurarem-se melhores cuidados. Outros são internados por familiares que não conseguem garantir qualidade de vida, mas não os abandonam à solidão. Porém, não faltam os que são deixados em ambientes desumanos para viverem na amargura o resto de seus dias. “Não faças aos outros o que não queres que os outros façam a ti!”, ou venham a fazer por ti.

Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 03.