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Domingo, 07 de Julho de 2024
Paulinas - A comunicação a serviço da vida
Mensagem do dia 02 de julho
Os infelizes
Os infelizes
Pixabay

Há infelizes que não fizeram por merecer sua infelicidade. Não eram e não são maus. Há os que a merecem: cuspiram no prato que comiam. Mas isso de ser feliz não é tão simples nem é tão mágico. Também não é tão difícil.

Há mistério nisso. Muitos queriam ser felizes e o são. Muitos queriam e não são. Não se sabe de ninguém que tenha orado a Deus pela graça de ser infeliz. Felicidade é o que todos buscamos. Ela consiste num grau suficiente de satisfação e na descoberta do bastante. É nesse bastante que muitos naufragam. Quando o "mais" se torna "demais" a infelicidade começa a se manifestar. Quando o suficiente começa a parecer "menos" é quando, também, o indivíduo começa a ser infeliz.

O problema não está, pois, no desejo: está na busca. Há quem busque de maneira factível e quem busque de maneira errada, portanto impossível. Bebida demais, comida demais, dinheiro demais, sucesso demais, projetos demais, conforto demais, tudo isso acaba em saturação e a saturação está longe de ser satisfação, posto que o satisfeito sabe que deve parar; enquanto que o saturado quer mais, mas não tem mais espaço para este mais que ele quer. Acaba insatisfeito.

O mundo tem bilhões de pessoas plenas e satisfeitas. Não querem mais do que possuem nem pretendem ser muito mais do que são. Vovós e vovôs felizes não querem outra coisa além da família que criaram, o conforto do lar que construíram e alguns encontros com amigos e familiares. Não se iludem com isso de ter mais. Chegaram ao bastante e ao suficiente. Vale dizer: ficaram sábios.

O ganancioso, o desesperado por dinheiro, o que não reparte, o que acumula, o que compra o que não precisa, o que precisa ter a mais recente novidade, o que devora e consome o melhor do melhor, o que não hesita em pisar e roubar para ter o que deseja pôs a sua felicidade no ter mais. Não lhe sobra espaço para ser mais. Faz um vale-tudo para chegar ao topo. Mas todo o topo termina em descida. Não admitindo descer, a infelicidade aparece, agora sem disfarce e sem amenidade.

Amigos tentam prevenir, mas não são ouvidos. Familiares tentam orientar, mas ele não ouve. Quer, porque quer! Sabe, porque sabe! Ouve, mas não escuta. Para ter o que deseja faz o que acha preciso: vira traidor, assaltante ou quadrilheiro: rouba, desvia, engana, assalta, sobe o preço, mente mas quer aquele dinheiro, aquele lucro, aquele lugar, aquele posto. Se algo não dá certo acha alguns culpados; ele mesmo, nunca! É infelicidade solidamente construída. Não veio por acaso!

Pe. Zezinho, scj (www.padrezezinhoscj.com)