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Quinta-feira, 06 de Novembro de 2025
Paulinas - A comunicação a serviço da vida

Evangelho do dia 17/07/2022

16º Domingo do Tempo Comum - Ano C - Verde
1ª Leitura: Gn 18,1-10a Salmo: Sl 15(14) - Senhor, quem pode habitar na tua tenda? 2ª Leitura: Cl 1,24-28
evangelho
Manda pois que ela venha me ajudar! - Lc 10,38-42

Jesus entrou num povoado, e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. Ela tinha uma irmã, Maria, a qual se sentou aos pés do Senhor e escutava a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com os muitos afazeres da casa. Ela aproximou-se e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda pois que ela venha me ajudar!” O Senhor, porém, lhe respondeu: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”.

Bíblia Sagrada, tradução da CNBB, 2ª ed., 2002.
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Oração Inicial

Senhor Jesus, invoco tua presença para que eu possa te servir com o coração agradecido. Permaneça comigo, abençoa meus projetos de trabalho, minha vontade de fazer o bem e, que tudo o que eu fizer, até mesmo as pequenas gentilezas sejam um testemunho de minha sintonia com a tua proposta de fraternidade e de serviço gratuito em prol do teu reinado sobre toda a criação.

Senhor, quando eu estiver confuso(a), guia-me; quando eu me sentir fraco(a), fortalece-me; quando eu estiver cansado(a), enche-me com a luz do Espírito Santo. Amém.


Leitura (Verdade)

Faça a leitura do Evangelho com calma e atenção. Qual é o contexto da narrativa? Qual a atitude de Jesus para com as duas irmãs?

Evangelho: Lc 10,38-42 Jesus entrou num povoado, e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. Ela tinha uma irmã, Maria, a qual se sentou aos pés do Senhor e escutava a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com os muitos afazeres da casa. Ela aproximou-se e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda pois que ela venha me ajudar!” O Senhor, porém, lhe respondeu: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”

“Nós todos nutrimos grande admiração pelos cristãos e cristãs que se dedicam com generosidade a suas profissões, ao cuidado de suas famílias, ao serviço pastoral da Igreja. Trabalham muito, provendo as necessidades de suas famílias e de suas comunidades. Marta se comportou assim na visita de Jesus a sua casa. Corria para lá e para cá, a fim de deixar tudo em ordem, de preparar uma boa refeição e tudo mais. Jesus chamou sua atenção. Viu que ela estava preocupada e ocupada com muita coisa, e esquecendo o mais importante: estar com ele. Maria ficou ali, sentada aos pés do Senhor, escutando e conversando com ele. O que nossa visita mais quer é que a gente lhe dê atenção, fique com ela.” (Viver a Palavra – 2022. Pe. João Carlos Ribeiro - Paulinas Editora).

Meditação (Caminho)

Maria escutava Jesus e sentada aos seus pés tornava-se sua discípula. Marta estava preocupada em bem servir Jesus torna-se sua anfitriã. As duas atitudes fazem parte do seguimento ao Mestre. "Tudo por causa de um grande amor..." Maria quer aprender com Jesus, Marta quer agradar a Jesus. Posso escutar servindo e servir acolhendo. Como eu equilibro esses dois comportamentos?

Oração (Vida)

Ofereça a Deus os frutos da sua oração, da sua meditação e da contemplação da Palavra. Apresente a Ele os desejos que brotaram em seu coração...
Reze a segunda parte da oração que Jesus nos ensinou: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.”
Não nos deixeis cair na tentação do ativismo nem do comodismo,

Contemplação (Vida e Missão)

Acolhendo aos irmãos, acolheremos o próprio Deus.
Como me proponho escutar e servir meus irmãos?
O que minha alma mais precisa neste momento? Escutar ou servir? Faça sua escolha.

Bênção

O Senhor Jesus Cristo esteja ao meu lado para me sustentar,
Dentro de mim para me encorajar,
Diante de mim para me orientar,
Atrás de mim para me proteger,
Acima de mim para me abençoar.
Ele que vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.
Que a bênção de Deus Pai de amor e bondade desça sobre mim e sobre toda a humanidade, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Ir. Carmen Maria Pulga

Nos tempos bíblicos não havia os recursos de hospedagem como hoje. Os viajantes estavam expostos aos mais variados problemas: fome, sede, falta de teto, insegurança etc. Acolher os hóspedes, pôr-se a servi-los, sempre foi visto, desde o AT, como uma maneira de servir a Deus. No hóspede servido, Deus é servido. Ser indiferente ao transeunte é fechar-se a Deus. Em Gn 18,1-10a, Abraão viu três homens. Sem saber quem era, nem sequer indagou a identidade deles; simplesmente corre para acolhê-los e servi-los: isso é gratuidade. Estava servindo ao próprio Deus. Em Abraão pode-se ver certos traços de Maria, mãe de Jesus. Sobre ele pesa a promessa da terra e da descendência (Gn 15). Mas ele é velho, não tem terra, e Sara, sua mulher, agora idosa, quando jovem era estéril. O patriarca-servo recebe de Deus a promessa de, em um ano, ter um filho. Deus realiza no homem acolhedor e servo o maior dom: a vida para a continuidade e a realização da promessa de Deus. Em Cl 1,24-28, a paixão de Cristo é completa e homem nenhum pode realizar, ainda que de forma parcial, algo que Cristo teria deixado de realizar. Quando Paulo diz “completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu Corpo que é a Igreja”, ele entende dizer que, em meio aos muitos sofrimentos, incompreensões, perseguições, prisões, ele se sente unido a Cristo, que sofreu. Seu sofrimento o coloca em comunhão com Cristo e com toda a Igreja. Ele abriu a mensagem do evangelho aos gentios, mas isso lhe causou sofrimento. Esse sofrimento foi para ele alegria, pois sabia não ser em vão. Em Lc 10,38-42, assim como Abraão, Marta e Maria recebem um hóspede que está indo a Jerusalém (Lc 9,51ss), onde se dará o desfecho de sua missão terrena. Nessa hospedagem, como Abraão, se põem a servi-lo e a ouvir sua mensagem. Também elas recebem o dom de Deus como decorrência da hospedagem. Uma teologia um tanto simplista analisava a perícope como o equilíbrio entre o agir e a contemplação. Marta seria aquela que age e Maria, a monja que só ouve e contempla aos pés do Mestre. Hoje, porém, os biblistas fazem outra leitura. Nos tempos bíblicos havia grande preconceito contra as mulheres. Um homem, ainda mais um mestre, jamais entrava na casa de duas mulheres. Em segundo lugar, nenhum rabino dava instrução para mulheres. A elas só cabia cuidar dos filhos e da casa. Não podiam participar ativamente nas sinagogas (1Cor 14,34-35). Assim sendo, nessa hospedagem, Jesus revela a quebra de dois preconceitos: ele entra na casa de duas mulheres e, mais do que isso, aceita Maria como sua discípula. Dessa forma, percebem-se duas lições: 1) Na hospitalidade se recebe o Senhor, como Abraão, que recebeu o próprio Deus; 2) Jesus revela a superação total do preconceito contra as mulheres. Para ele, todo ser humano, judeu ou grego, escravo ou livre, homem ou mulher, tem a mesma dignidade. O evangelho é para todos, sem distinção. Todos precisam, como Maria, escutar a palavra. Marta, a preocupada, também precisa escutar, caso contrário, suas tarefas caem no vazio.

Frei Bruno Godofredo Glaab, ‘A Bíblia dia a dia 2022’, Paulinas.