Era a hora de Jesus, aquela da Cruz, uma hora que não tem fim. Ela dura ainda, porque é hoje que os discípulos devem receber a mãe na sua casa. Jesus, com efeito, não confere senão o que lhe pertence e que está no fundo do seu coração e que faz uma coisa só com ele próprio.
Maria, dom de Jesus e, portanto, amor de Jesus, quem poderia recusar-lhe? O filho-discípulo a leva para a sua casa, “eis ta idia”, em grego. “Eis ta idia” é susceptível de diversas traduções, como estas: na sua casa, na sua família, na partilha dos seus bens, dos seus tesouros. Desse modo, a mãe, que era um dos tesouros do Filho, torna-se tesouro do discípulo. É normal, pois que o discípulo amado é agora filho dela. Mas a sua casa, do discípulo, é igualmente a comunidade ao seu redor, isto é, a Igreja. Maria, acolhida na Igreja, no novo povo de Deus, se depara com o seu lugar final.
Jesus, pelas suas palavras, cria dupla responsabilidade, a da mãe para com o filho, a do filho para com a mãe. Por vezes, pergunta-se: mas como podemos ser responsáveis por Maria? Simplesmente fazendo como o discípulo amado: ele a recebeu na sua casa, no seu coração, na sua vida, na sua comunidade. Mas também ele lhe reservou dois lugares seletos no seu Evangelho: em Caná, festa do amor; na Cruz, onde tudo toma sentido e sentido de eternidade. Aliás, o discípulo amado chama sempre Maria de a Mãe de Jesus. É o seu sinal de respeito; é a sua maneira de dizer aquilo que esta mulher tem de único. Toda a glória lhe vem de Jesus. O amor para com o Mestre ilumina a mãe.
ORAÇÃO:
Maria, Rainha dos anjos, cheia de graça, concebida sem pecado, bendita entre as criaturas,
sacrário vivo de Deus, lembrai-vos do solene e doloroso momento, em que Jesus agonizante vos confiou São João como filho, e nele, todos os homens; e em particular, os apóstolos de todos os tempos.
Resplandeça neles santidade de vida, profundo espírito de oração, humildade sincera, fé autêntica e amor generoso. Que todos sejam santos, sal da terra e luz do mundo. Amém.