Com o livro sagrado entre as mãos, gosto de procurar a primeira página do Antigo Testamento e a primeira do Novo.
A primeira página do Antigo Testamento, ao descrever a criação do mundo, diz que o “Espírito de Deus pairava sobre as águas”. Com isso, indica-se o universo: o reino animal, vegetal e mineral, e também o reino dos homens, das raças, dos povos e das pessoas humanas, inspiradas e movidas por energias que invadem a humanidade inteira, a sua história segundo um desígnio divino de aplicação gradual no decorrer dos séculos.
Portanto, tudo quanto é natureza, ordem temporal, mas sob o olhar e a força do Criador.
E eis que também a primeira página do Evangelho, que além disso é o Testamento Novo, abre-se ao som de uma voz angélica: “Não temas, Maria... O Espírito Santo descerá sobre ti... Eis que conceberás e darás à luz um filho, e darás a ele o nome de Jesus” (Lc 1,30-31).
É com esse anúncio a Maria que se inicia o poema da redenção, cujo centro de irradiação é o Cristo, fonte ao mesmo tempo de vida divina e de graça santificante (SD, III, 571).