Geralmente dá-se à comunicação uma definição empírica: Comunicar é “dizer alguma coisa a alguém”. Esta “alguma coisa” pode se ampliar a nível planetário, por meio do grande mundo das redes sociais, que vieram se unir aos meios de comunicação clássicos e tradicionais. Também este “a alguém”, num plano global, nem se pode imaginar e nem se pode calcular quem seja.
Esta consciência empírica, à luz da amplidão das prospectivas da atualidade, onde sempre mais nos comunicamos sem ver o rosto do outro, fez surgir o problema maior da comunicação. Aqui alimenta-se a informação, sem que aquele que comunica sinta-se comprometido com o outro que recebe.
Um olhar cristão ao mundo da comunicação pode nos sugerir algo novo e grandioso, mais do que a sofisticação dos meios. Partimos da comunicação de Deus para nós, humanos. A teologia pode nos ajudar a uma nova experiência. Este novo da comunicação não vem de uma teoria, nem de uma invenção histórica e humana.
Por incrível que pareça, no sepulcro de Jesus, na noite da Páscoa, realiza-se o gesto da comunicação mais radical de toda a história da humanidade. O Espírito Santo, vivificando Jesus Ressuscitado, comunica ao seu corpo a força incontida de Deus. Comunicando-se a Jesus, o Espírito se comunica à humanidade inteira e abre o caminho a toda a comunicação autêntica que supõe o dom de si, superando a ambiguidade da comunicação humana, na qual não se confirma nenhum compromisso mútuo.
Neste horizonte da Páscoa a comunicação passa a ser aquela que o Pai faz de si a seu Filho amado, Jesus. Esta comunicação fundamental de Deus passa a cada homem e a cada mulher e, dali, àquela que nós cultivamos reciprocamente no modelo desta comunicação divina. Esta é a espinha dorsal de uma comunicação comprometida e comprometedora de vida e dignidade. A dimensão pascal da comunicação não nos permite manipulações, mas respeito; não tolera o jogo de conveniência, mas a sinceridade do amor que liberta e promove.
O Espírito Santo que recebemos, graças à morte e ressurreição de Jesus e que nos faz viver no próprio Jesus, preside em nós a comunicação, imprimindo as marcas de dedicação e amor pelos outros. Desta realidade fundamental da fé cristã tiramos algumas conclusões para nossas relações comunicativas:
Na raiz de cada comunicação está a grande comunicação de Deus que se dá ao ser humano por meio de seu Filho Jesus e do Espírito Santo.
Cada comunicação, para ser verdadeira, necessita ter presente a grande comunicação de Deus, para não se tornar vazia. Só nesta raiz, a comunicação pode garantir o ritmo e a medida justa a cada gesto comunicativo.
Toda a confusão que atualiza o clima da “Torre de Babel”, é resultado da rejeição desta comunicação de Deus.
O novo da comunicação que nos vem da Páscoa, necessariamente precisa efetivar a comunicação “Coração a Coração”.