Jamais me sentiria autorizado a pôr defeitos na forma como nós fomos catequizados, ou evangelizados no passado. Cada tempo tem seus modos e também seus discursos sobre a fé. Atualmente, há necessidade de ajudar as pessoas a crer com ânimo e alegria e jamais pensar na relação com Deus, como uma atitude pesada e marcada pelo medo.
Recordo um fato paradigmático na vida de São Frei Pio de Pietrerlcina. Num entardecer, lá estava Frei Pio, portador das chagas, contemplando uma colina à frente do convento de San Giovanni Rotondo. Enquanto olhava, carregado de sonhos e intenções, achegou-se a ele um médico que por lá passava. Ao perguntar o que o Frei estava pensando, respondeu: “Deus está me inspirando a construir, nesta colina, um grande hospital para aliviar o sofrimento de tantos mutilados de guerra e sofredores sem socorro”. De imediato, Frei Pio convidou-o a participar desta obra de Deus.
O médico olhou para o Frei com um sorriso sincero e disse: “Frei, eu não acredito em Deus!” Foi então que Frei Pio teve um lance profético e inspirado. Olhou para o médico e disse: “Meu irmão, não importa que tu não creias em Deus, Deus crê em ti!” Conta-se que a partir desta afirmação, começou a conversão do médico. Tornou-se um grande colaborador na efetivação da obra, a “Casa Alívio do sofrimento”.
Quando uma pessoa sabe que é acreditada, resgata a autoestima; reúne forças para corresponder à credibilidade e ajunta energias para responder positivamente. Mencionamos aqui a vocação de Jeremias. “A Palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: Antes de formar-te no seio de tua mãe, eu já te conhecia. Antes de saíres do ventre de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações” (Jr 1,4-5).
Acreditar que Deus crê em mim é a lógica do amor que sempre começa com a iniciativa divina. “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou primeiro!” (1Jo 4,10). O fato decisivo que confirmou a conversão de Paulo, aconteceu desde o momento em que ele se deu conta do quanto Deus nele acreditava e qual era o preço de tal credibilidade. Isto ele o declara quando proclama: “Ele me amou e se entregou por mim!” (Gl 2,20).
Todo o acontecimento Jesus Cristo em sua vida, paixão, morte e ressurreição é um hino de credibilidade à dignidade humana. Daí o respeito e a reverência que Cristo sempre revelou em suas palavras, em seus encontros e em suas ações redentoras. Para ele não havia vida humana que não pudesse ser salva. Aos menos acreditados da sociedade, Cristo confirmou toda a credibilidade, a ponto de dar a vida.
Apesar de todas as negações e traições, Cristo nos amou até o fim. Foi fiel ao projeto do Pai. Sua morte confirma que ninguém acreditou tanto na vida quanto Cristo. Sua Ressurreição confirma o quanto valeu a pena investir no amor.
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