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Domingo, 01 de Dezembro de 2024
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Mensagem do dia 29 de novembro
Advento, uma espera bem-sucedida
Advento, uma espera bem-sucedida
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A espera sempre carrega consigo a incerteza: vem, não vem? Vai dar certo, não vai? O que foi prometido, vai ser cumprido? Vai chegar em tempo, ou não vai? Na espera há sempre uma tensão. E esta se torna maior quanto mais importante é o esperado.

A espera de Israel pelo Messias foi um longo e penoso caminho, movido pela Aliança, muitas vezes ameaçada e rompida pelo povo, mas sempre fiel por parte de Deus. Como foi a espera da promessa de Deus a Abraão, a Moisés, aos patriarcas, profetas, a Maria e ao povo? Bem sabemos o elevado preço da espera de Israel, até que chegou a “plenitude dos tempos, quando Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à lei, para resgatar os que estavam sujeitos à lei e todos receberem a dignidade de filhos” (Gl 4,4).

A espera de Israel não foi uma página romântica, nem um resultado de ilusória promessa. Mesmo que “Ele tenha vindo para os seus e os seus não o tenham recebido” (cf. Jo 1,11), a espera foi bem-sucedida na acolhida de Maria, dos Pastores, dos Magos do oriente, do povo simples, especialmente dos sofredores, esmagados pelo peso da lei. Mesmo que a espera tenha sido ameaçada pela crucificação, o poder de Deus garantiu seu êxito na ressurreição de Jesus. A primeira espera garantiu seu sucesso há mais de dois mil anos. Nesta espera, bem-sucedida do povo de Israel, nós revivemos a nossa esperança, fixando o nosso olhar em Jesus Cristo.

O tempo do advento, essas quatro semanas que precedem ao Natal, é um tempo iluminado pela Palavra de Deus. Esta faz memória da espera messiânica com suas promessas anunciadas pelos profetas e, ao mesmo tempo a concretização no acontecimento “Jesus Cristo”. Nesta época do ano em que nos é dado viver o Advento, geralmente nos deixamos seduzir e contentar com as artísticas propagandas comerciais do Natal. Uma emoção que nos é despertada pelas músicas natalinas, pelos enfeites, símbolos e presentes, passa a movimentar compras e vendas e aquecer o mercado. Não se nega o valor da humana sensibilidade que nos motiva à troca de presentes e à preparação da ceia natalina. Porém, necessitamos ir além para não perder de vista o maior presente de Deus para toda a humanidade: Jesus Cristo. Sem Cristo, toda a espera pode ser malsucedida. Daí a necessidade urgente de resgatar o encontro com a Palavra de Deus e confrontar a nossa caminhada na história com a luz trazida pelo Menino de Belém. Caso contrário, corremos o risco de decepcionar nossas esperanças, porque o dia seguinte ao Natal pode ser apenas portador de uma pesada ressaca e prejuízos que nos deixam vazios no coração e nos bolsos. Seria de nos lamentar se, por acaso, nos deixássemos entorpecer pelo encantamento das coisas descartáveis e prosseguíssemos construindo o projeto da vida nos privando da necessária profundidade e segurança que nos é oferecida por Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida.

Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 03.