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Sexta-feira, 26 de Abril de 2024
Paulinas - A comunicação a serviço da vida
Mensagem do dia 30 de novembro
Atentos cuidadores da vida
Atentos cuidadores da vida
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“A primeira coisa que se pede a nós, cristãos de hoje, é que amemos o nosso tempo... Cada um de nós deve descobrir a responsabilidade, a dor e o júbilo da nossa hora” (Cardeal Pirônio). Não é difícil imaginar que outros tempos seriam melhores para acertar a vida e preparar uma morte feliz. No entanto, bem morre, aquele que bem vive no seu tempo, sua oportunidade.

A tentação de fugir e deixar que passem no vazio os nossos dias é uma das causas mais fortes do medo da morte e do desperdício da vida. Para bem viver e fazer da morte o passo para a plenitude, precisamos impregnar de amor e sentido o nosso dia a dia.

Paulo Claudel, grande escritor francês, nos diz que para compreender uma vida, como para compreender uma paisagem, é necessário escolher bem o ponto de vista. Para nós, humanos, o melhor ponto de vista é a morte. A partir da morte avaliamos o conjunto dos acontecimentos de nossa história e a qualidade de nossas escolhas. Em que vale a pena investir? O que mesmo permanece para sempre? O posicionamento diante da vida muda conforme o posicionamento da morte e vice-versa.

Todo o cuidado é pouco para que a nossa liberdade vá se adequando à vontade de Deus, pois esta é a vontade que mais nos convém. Confiar a Deus o sentido da vida é encontrar nele o sentido da morte. Isto é possível quando se cultiva uma verdadeira espiritualidade, sem a qual nos vemos mal e não nos entendemos no viver e, menos ainda, no conviver.

Leonardo Boff, em seu livro Saber cuidar, nos diz: “Cuidar do espírito significa cuidar dos valores que dão rumo à nossa vida e das significações que geram esperança para além de nossa morte... Cuidar do espírito é cuidar da espiritualidade, experienciando Deus em tudo e permitindo seu permanente nascer e renascer no coração. Então poderemos preparar-nos, com serenidade e jovialidade, para a derradeira travessia e para o grande encontro”.

O insistente tema da “vigilância” não é acidental. Diante de Jesus, o Mestre da vida e o vencedor da morte, é necessário mobilizar todas as nossas atenções e energias num aprendizado de discípulos capazes de tomar a cruz de cada dia e segui-lo. Comportar-nos sob o sinal da vigilância é acolher as chances de realização que a vida nos oferece constantemente nos clamores e indigências dos irmãos (juízo).

Vigilância é própria de quem se põe por inteiro na luta em favor da vida. Esta atenção, transformada em amor-caridade, é o segredo de uma vida bem sucedida. Vigilância é luta que prepara um grande encontro e leva a alcançar a meta.

Seremos sempre mais atentos cuidadores da vida, na medida em que vamos descobrindo seu valor em nós, nos outros e no mundo. Este valor é tão alto que custou a morte e o sangue de Cristo. Investindo neste valor que é a vida para todos é preparar o juízo favorável que garante a tomada de posse do Reino que nos está preparado.

Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 01.