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Sábado, 21 de Dezembro de 2024
Paulinas - A comunicação a serviço da vida
Mensagem do dia 05 de outubro
Beleza sempre nova e atual
Beleza sempre nova e atual
Pixabay

Nos primeiros momentos do pontificado do Papa Francisco, chamou-me atenção a nobreza de seus gestos e palavras no encontro dos comunicadores que estiveram trabalhando durante o Conclave. Diante de mais de cinco mil pessoas, manifestou seu reconhecimento pelo bom desempenho e elogiou sua contribuição nesta hora, onde as atenções do mundo estavam conectadas com o Vaticano.

Com fino trato, não deixou de dar um recado para chamar os comunicadores à corresponsabilidade na promoção e difusão da verdade, do bem e da beleza. A verdade e o bem parecem estar na entrada da porta da lógica de qualquer instituição séria. Mas a beleza parece despontar como uma realidade que deverá merecer uma nova atenção.
Aliás, João Paulo II e Bento XVI já se referiam à beleza como um componente necessário na Liturgia, para a humanização do mundo e para a nova evangelização. Igualmente os últimos cardeais responsáveis do Conselho Pontifício para a Cultura, como Paul Poupard e Gianfranco Ravazi, apontaram a beleza como porta de entrada para aproximar o mundo atual de Deus e do Evangelho.

Lembramos aqui um depoimento de Santo Agostinho, registrado no seu livro das Confissões: “Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu fora. Estavas comigo e não eu contigo. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz”.

Evidentemente não tratamos aqui a beleza numa visão esteticista, nem apenas artística. A Beleza primeira, fonte de toda a beleza, é o coração e o rosto de nosso Deus. Ele é a máxima beleza e todas as belezas verdadeiras dele procedem. Sabemos que a beleza é uma das propriedades fundamentais de todo o ser, de todas as criaturas.

A beleza de Deus, está também escrita em nossos corações, pois nós nos confirmamos como: “sua imagem e semelhança”. Por este motivo, não podemos estranhar em nós o incontido desejo de harmonia e maravilhamento. Essa beleza pode dar-se na natureza que nos rodeia e nos aponta para um mistério velado e revelado. São Francisco, em seu Cântico das criaturas, confirma-se como um ótimo leitor da beleza de Deus na criação.

Beleza inesgotável e sempre viva é também aquela que se dá nas obras artísticas produzidas pelo ser humano. Estas conseguem expressar, na matéria, maravilhas intuídas e ao mesmo tempo desconhecidas. Só ao ser humano é permitida a captação da beleza. Esta se torna um aspecto fundamental na educação, pois é através dele que se consegue alcançar um inestimável aprofundamento na captação do ser e na riqueza da experiência.

A preocupação pela verdadeira beleza em nossa experiência cristã, não é um luxo da vaidade humana, mas uma porta necessária para a experiência de Deus. A Transfiguração de Cristo, onde se manifestou toda a beleza, foi uma amostra antecipada de sua ressurreição para animar os apóstolos a enfrentarem o que viria na hora da Cruz. Final feliz e beleza eterna inaugura-se definitivamente para nós, no Cristo Ressuscitado.

Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 03.