No coração das pessoas e de um povo há sempre lugar para surpresas. De um lado, afirma-se que o secularismo está avançando e demolindo os símbolos da tradição religiosa. De outro lado, ano a ano, aumentam as multidões nas romarias tradicionais e a participação nas festas populares. Divulgam-se pesquisas comprovando a diminuição numérica de membros das religiões históricas e o aumento das seitas. Em contrapartida, no andar da carroça e, tantas vezes, por decepção de promessas e milagres fáceis, muitos voltam ao ninho original, atraídos pela saudade das festas tradicionais.
Lembro-me que nos anos setenta do século passado, proclamava-se, em alto e bom tom, o tempo da “morte de Deus”. O progresso científico estaria substituindo o Deus da tradição religiosa. Não haveria mais necessidade de recorrer a ele, nem aos santos para garantir o sucesso das colheitas, nem a cura de nossas doenças. A capacidade humana haveria de substituir a necessária ajuda de Deus. Por surpresa, a chegada do novo milênio veio confirmar o contrário. Mesmo de forma confusa, a humanidade se depara com as grandes questões relacionadas à vida e à necessidade de Deus. “A humanidade está com saudades de Deus!”
Não podemos ignorar a força de contágio suscitada pelos meios de comunicação social. Estes não só reforçam as festas tradicionais, mas despertam multidões em torno de novas devoções que mobilizam a festa das permanentes romarias. Não podemos prender sonhos e nem fechar caminhos para quem deseja andar em busca de algo melhor e de horizontes mais vastos.
Falo por experiência própria, por coordenar a Paróquia Santo Antônio em Porto Alegre e viver anualmente a romaria do dia 13 de junho. Nas quatorze missas celebradas no interior do santuário, nas três Missas campais e nas três procissões do dia, é incalculável a multidão que chega para viver a festa. Muitos passam o ano um tanto distantes, mas não deixam de participar da procissão luminosa na noite do dia 13. O fenômeno em torno de Santo Antônio e sua festa, cada ano é maior, melhor e mais concorrido.
Narro isto para dizer que as festas tradicionais fazem parte de uma herança, religiosa e cultural que não podemos ignorar. Felizmente, na medida em que aumentam os participantes, também aumenta a justa preocupação da Igreja em organizar e proporcionar oportunidades qualificadas de evangelização e celebração. É certo que uma festa popular bem preparada, sempre será bem celebrada.
A questão das festas está unida essencialmente à vivência e conservação do nosso cristianismo. Tradicionalmente, as festas sempre foram e continuam sendo veículos de catequese, centros de culto, focos de exercício da vivência comunitária e oportunidades favoráveis ao sentido da vida e da convivência. Embora, aparentemente se trate de aspetos secundários da vida religiosa, neles pode estar sendo decidida a sobrevivência de uma religiosidade sincera e animadora de toda a vida cultural de nossos povos.
Veja mais mensagens para o dia 23 de dezembro
-
Menino Santo de Deus
Ajuda-me a celebrar o teu Natal e o natal de todos os que nascem, porque mereceram o milagre da vida. Eu sou tua Belém e meu coração é tua manjedoura. Esvazia-me de mim, para que eu tenha maior espaço...
-
Natal é amor, é sentido
A vida é uma teia Cada ponto... cada laço... cada nó... faz sentido. Sai de mim. As cores, as sombras, o ritmo, a trama, o desenho, o traçado, os pontos perdidos, os nós forçados, os fios rompidos... ...
-
Jesus, o desejado das nações
Em gruta abandonada, que era abrigo Noturno de animais e de pastores,Nos campos da cidade de Davi Belém, casa do pão, lá em Judá,Nasceu o desejado das nações,Jesus, o Salvador da humanidade.Após peram...
-
Por um Natal para todos
Cante agora, hinos, os mais belos corais diversos ou ser solidário.Em catedrais ou viadutos iluminados com pequenas lâmpadas ou fogueiras de natal.Vejo por todos os lados vitrines, enfeites, cartões e...