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Quinta-feira, 02 de Maio de 2024
Paulinas - A comunicação a serviço da vida
Mensagem do dia 12 de outubro
Em fraternidade com a juventude
Em fraternidade com a juventude
Pixabay

Como adultos ou na terceira idade, enfrentamos a real dificuldade de lembrar o que se passou em nossa juventude. Vivemos em outros tempos. Lançamos raízes em outro terreno. Como tudo muda rápida e profundamente, não é estranho confirmar que passamos nossa juventude condicionados a dispor de poucos meios; a ouvir poucas vozes de opinião e a usufruir o pouco para sobreviver. Nossas lembranças também são relativas à simplicidade do tempo vivido.

Como adultos ou na terceira idade convivemos hoje num cenário turbulento e, até certo modo, o administramos. Porém, nossa juventude entra em cheio neste jogo complexo dos meios sofisticados, tantas vezes com seus fins equivocados; ouve as mais diversas e contraditórias informações e não deixa de se envolver na apresentação consumista. Era mais fácil ser jovem no passado? É mais fácil ser jovem, hoje? A estas perguntas sobra dizer que ontem e hoje são tempos diferentes.

Dentro de nosso tempo, rico em novas conquistas, mas eticamente maltratado, onde a vida e a convivência são marcadas por crises sem precedentes, estamos nós e nossa juventude. Se hoje estamos assim, amanhã o que será? Como será o futuro de nossas crianças que amanhã serão jovens e, de nossos jovens que amanhã serão adultos? E o mundo dos idosos, mesmo que se cante a vitória da longevidade, como será? Haverá asilos suficientes, ou geriatrias para todos?

Tantas perguntas com incertas respostas, não deverão ser feitas para nos deprimir, mas para nos ajudar a pensar. Em fraternidade com a juventude não é somente um tema de Campanha da fraternidade, nem apenas uma explosão da jornada mundial da juventude. Creio que é uma oportunidade para sentarmos frente a frente para tentar nos entender, nos aproximar e desenhar juntos um futuro mais humano e solidário.

Este cultivo de fraternidade com a juventude, conta com o lado simples e humano, do saber brincar de roda, deixar os computadores desligados e os televisores sem imagens, para olhar-nos “de coração a coração”. Há uma imensa carência silenciosa de compreensão, de ternura e vigor, de credibilidade e mística em nossa juventude. Tantos sinais avessos gritam: “Olhem para mim! Estou vivo! Sou alguém! Preciso dos adultos e conto com a vossa atenção, compreensão e sabedoria!”.

Em fraternidade com a juventude passa pelas escolas e pelas Igrejas, pela política e pela economia, desafiando a todas as instituições. Somos interpelados a uma global reflexão e avaliação. Será que nós, mais velhos, somos para os jovens um estímulo de vida e de esperança?

Os pais são para os filhos uma escola de amor que confirmam o valor da família? Nós, religiosos e religiosas, padres ou bispos, somos para os jovens uma presença animadora a entregar tudo pela causa do Reino?

Enfim, creio que a fase romântica da euforia momentânea está passando. Hoje, uma corajosa virada mística nos provoca a crer diferente, a não perder de vista o que há de mais primário no viver humano e, quem sabe, investir numa mudança de época que tenha rosto de alegre esperança.

Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 02.