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Segunda-feira, 06 de Maio de 2024
Paulinas - A comunicação a serviço da vida
Mensagem do dia 19 de novembro
Para uma civilização da paz
Para uma civilização da paz
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Quem acompanha as idas e vindas do Papa Francisco; quem lê seus escritos; e quem ouve seus pronunciamentos e procura entender seus gestos proféticos, logo vai concluindo que sua mensagem quer comunicar o dom da paz que o Ressuscitado nos deixa e que São Francisco dela se fazia instrumento.

Uma civilização de paz parece um sonho, pois a onda de terrorismo exacerba o instinto de vingança e faz desencadear a violência. A violência tende a ser combatida com a violência e assim a paz está sempre manchada de sangue por toda a parte. Uma civilização de paz poderá despontar no horizonte da história na medida em que houver paz entre as religiões. Aqui também, as barreiras se tornam fortes na medida dos fanatismos.

O desarmamento das mãos começa com o desarmamento dos espíritos. Para este desarmamento necessitamos um investimento muito elevado, e este, só poderá compensar quando pudermos experimentar a revolução do amor. Aqui vale lembrar que para Francisco de Assis, inspirador do Papa Francisco, a paz não é um imperativo categórico da razão e nem um impulso generoso do espírito romântico. É um imperativo que brota da fé vivida e do desejo deste dom messiânico.

A paz para uma civilização, não é um valor a ser negociado. Geralmente, as negociações de paz têm pouca força para torná-la duradoura. A paz, compreendida e vivida por Francisco é um valor absoluto que reclama os melhores esforços e reservas espirituais e humanas de todos e cada ser humano. Tantas vezes nos sentimos impotentes diante da fragilidade da paz no mundo, mas podemos nos sentir fortes naquela paz que podemos gerar em nós e ao nosso redor.

O cristão de Assis, chamado Francisco, não foi alguém que ficou esperando dos outros a promoção da paz. Ele soube oferecer sincera paz, profunda alegria, fraternidade convicta, doação gratuita de si mesmo e a capacidade de poder celebrar o grande sacramento da vida. Soube mostrar existencialmente a face oculta do ser humano: a inocência recuperada e o encanto de uma vida reconciliada.

Francisco de Assis, em seu tempo, traduz como possível a utopia do evangelho. O Papa Francisco, para o nosso tempo, nos propõe a “Alegria do Evangelho”, como possível para a humanidade. Desta semente, seguramente brota a paz para uma civilização: paz como experiência, paz como missão, paz como estilo, paz como destino.

Em todas as pregações que Francisco de Assis realizava, antes de anunciar a Palavra de Deus aos presentes, lhes desejava a paz, dizendo: “O Senhor vos dê a paz!”, a quem encontrasse no caminho desejava esta paz. Com isso, tinha clareza de que a paz, antes de ser uma tarefa humana, precisava ser acolhida como dom de Deus. Quando temos consciência de que a paz é sagrada e reflete a presença viva do Senhor, então faz calar nossa humana rebeldia e nos chama a reverenciá-la e comunicá-la aos outros.

São muitos os fatos reais, em situações de conflito, onde Francisco se fez mediador de paz, dando amostras claras de que a paz é possível também para uma civilização.

Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 02.