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Quinta-feira, 14 de Novembro de 2024
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Mensagem do dia 12 de novembro
Um hino ao cotidiano da beleza
Um hino ao cotidiano da beleza
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O Livro do Gênesis nos afirma que Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo dia descansou. Na medida em que as obras de suas mãos iam sendo criadas, confirmava-se o encantamento do próprio Criador. O canto inaugural da Bíblia ao cosmos apresenta-se dominado pelo sentimento de admiração de um mundo belo. “Deus viu que a luz era boa... Deus viu que isto era bom...” etc. Mas, sobretudo, aparece o apreço pela beleza na criatura humana, tanto masculina, como feminina. O primeiro poema de Adão diante de sua mulher, é inspirado pelo sentimento da beleza.

A beleza não é um contato especulativo e teórico, como nas ciências, mas um contato emotivo, “estético”, que consegue sintonizar intuitivamente no mistério da realidade. A intuição da beleza acontece num ser concreto e determinado, ou numa experiência-acontecimento do cotidiano de nosso viver. Ali se faz a experiência da harmonia. Por isso, a dimensão da beleza é essencial no encontro do amor, como nas expressões simbólicas dos sentimentos mais profundos da existência.

Ao longo da história, a captação e a expressão da beleza sempre estiveram unidas aos fatos reais e experiências mais profundas da humanidade. Estamos rodeados de bondade e de beleza, porém, nossas distrações e superficialidades voam tão rapidamente que temos dificuldades de percebê-las e nos encantar. Geralmente somos mais afeitos a perceber a feiura e a maldade, porque estas nos agridem. Assim nos tornamos menos sensíveis e tantas vezes pessimistas. Como faz bem ouvir o hino ao cotidiano da beleza, expresso assim:

• Que beleza ver uma família unida, onde todos se empenham pelo sustento e partilham o alimento na mesa do encontro e do amor;

• Que beleza ver no rosto de uma criança a alegria por ser amada e amparada por pais responsáveis e amorosos;

• Que beleza ver jovens cultivando sonhos bons e se dedicando com responsabilidade ao trabalho, ao estudo e semeando agora para colher um amanhã digno e feliz;

• Que beleza ter a graça da fé, que nos faz viver com um sentido maior e ter a certeza que Deus sempre nos ama primeiro;

• Que beleza saber que há pessoas dedicadas ao cuidado da criação, não permitindo a devastação das florestas e a poluição dos rios;

• Que beleza conhecer pessoas que se envolvem no mundo da política com o objetivo claro de promover o bem comum;

• Que beleza, para o mundo e para a Igreja, ter um Papa humilde e próximo, como um “Pastor com cheiro de ovelha”;

• Que beleza vivermos numa comunidade cristã que se organiza para dar conta da caridade organizada; das celebrações vivas e envolventes e da educação da fé para todas as idades.

Certamente uma lista interminável pode continuar sendo elaborada pelos leitores. Um hino ao cotidiano da beleza, poderia ser um exercício de otimismo e esperança que muito nos ajudaria e ler os fatos com um novo olhar e um novo coração. Bem que o Papa Francisco dizia aos Cardeais, logo após a sua eleição: “Chega de pessimismo!”.

Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 03.