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Terça-feira, 30 de Abril de 2024
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Santo do dia 11 de março
Santo Eulógio de Córdoba
Sacerdote mártir (+859)
Santo Eulógio de Córdoba
Rebeca Venturini / FC

Eulógio talvez seja a vítima mais célebre da invasão da Espanha pelos árabes vindos da África entre os séculos VIII e XIII. Entretanto, inicialmente, os cristãos espanhóis não eram submetidos ao martírio ou à escravidão, e os califas não eram vistos como intolerantes e sanguinários. Ao contrário, a Espanha tinha, sob a dominação dos árabes, longos períodos de paz e de benesses, determinantes para o desenvolvimento de um alto padrão de civilização, diferente do concedido pela dominação dos romanos.

Também no que diz respeito à religião, eles pareciam tolerantes. Não combatiam o cristianismo, mas o mantinham na sombra e abafado, sem força para se difundir, para que não entrasse em conflito com a religião do Estado, ou seja, a muçulmana. Desejavam um cristianismo adormecido.

Mas os católicos da Espanha não se submeteram aos desejos dos árabes, não por provocação aos muçulmanos, mas porque sua fé, vivida com coerência, não se podia deixar apagar pela renúncia e pelo silêncio. Eulógio, nascido em Córdoba, de uma família nobre, foi um dos cristãos íntegros que não aceitaram a tentativa de sufocar a religião. Ele era sacerdote de Córdoba quando a perseguição aos cristãos começou e já era famoso por sua cultura, por sua atuação social audaciosa e por trabalhar com humildade junto aos pobres e necessitados. Formado na Universidade de Córdoba, muito requisitada na época, ele lecionava em uma escola pública e se mantinha atualizado visitando dezenas de museus, mosteiros e centros de estudos.

Escrevia muito, e podemos citar como exemplo os livros “Memorial” e “Apologia”, nos quais fez uma contundente análise da religião muçulmana confrontada com a cristã, pregando a verdade que é a liberdade pela fé em Cristo. Essa defesa da fé e dos fiéis ele apregoava na escola pública onde lecionava, bem como nos conventos e igrejas que visitava, apresentando os preceitos do cristianismo aos fiéis e às pessoas que o escutavam e conseguindo milhares de conversões.

Por isso, e por assistir os cristãos presos, que amparava na fé, o valoroso padre espanhol irritou as autoridades árabes, que, apesar do respeito que tinham por ele, mandaram prendê-lo. Baseado no que ocorria nos calabouços, onde eram jogados os cristãos antes da execução, escreveu “História dos Mártires da Espanha”, uma obra que registrou para a posteridade o martírio de pessoas cujo único crime foi manter sua fé em Cristo.

Depois, libertado graças à influência de familiares e autoridades locais, voltou a atuar com a mesma força. Falecido o bispo de Córdoba, Eulógio foi nomeado para o cargo. Passou então a ser considerado líder da resistência aos muçulmanos e, quando conseguiu converter a filha de um influente chefe árabe, a paciência dos islamitas chegou ao fim. Eulógio foi novamente processado, preso e, desta vez, condenado à morte.

Sua execução se deu no dia 11 de março de 859, data que a Igreja manteve para sua festa, já muito antiga para os cristãos da Espanha e da África do Norte e depois estendida para todos os cristãos, pela tradição de sua veneração.

Texto: Paulinas Internet