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Domingo, 05 de Maio de 2024
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Santo do dia 09 de março
São Gregório de Nissa
Bispo (século IV)
São Gregório de Nissa
Rebeca Venturini / FC

Os registros e a tradição trazem poucos dados sobre a vida de Gregório de Nissa antes de ele se tornar sacerdote. Mas existe a literatura teológica, que ele mesmo escreveu e nos deixou e que lança luz sobre seus pensamentos e seu modo de agir em relação ao Cristianismo. Ele nasceu na Cesareia da Capadócia, Turquia, entre os anos 330 e 335. Seus pais, Basílio, apelidado de “o velho”, e Amélia, tiveram dez filhos, dos quais Gregório, Pedro, Basílio e Macrina se tornaram santos. Sem contar o avô, que foi martirizado, e a avó, da qual a irmã herdou o nome e que a Igreja também venera.

Gregório estudou em Atenas e se interessou não apenas pelos principais autores clássicos da razão, como Platão e Aristóteles, mas também pelos da fé, como Orígenes e Metódio de Olimpo. Mais tarde se casou e foi lecionar. Ao se tornar viúvo, abandonou o cargo de professor para se dedicar só ao Cristianismo. Sob a orientação e influência de Gregório Nazianzeno, que também é celebrado e com quem convivera, foi motivado a seguir a vida religiosa, a exemplo dos seus irmãos. Optando pela vida monástica, se isolou em um mosteiro, do qual saiu somente quando, em 371, foi nomeado bispo de Nissa, na Capadócia.

Tornou-se um teólogo conhecido e respeitado por conta de seus famosos trabalhos dogmáticos, dos quais “Grande Catequese” é considerado o principal. Entre suas obras mais importantes, encontramos também o “Livro sobre a Virgindade”, referente à Mãe de Deus, Maria. Todas as suas obras foram escritas durante o tempo vivido na solidão das margens do Rio Íris, onde se isolara com seu irmão Basílio, que depois se tornou bispo da Cesareia.

Amante da solidão e do estudo, foi a contragosto que assumiu a diocese de Nissa. Sua bondade e falta de senso prático eram tão notórias que muitos as consideravam ingenuidade. Tanto que, nesse cargo, Gregório viu-se acusado de desperdiçar bens da Igreja, sendo, de repente, deposto e mandado ao exílio, no ano 376, período em que faleceu seu irmão Basílio. Entretanto, dois anos depois, provou que tudo não passou de uma trama dos hereges arianos, porque as acusações não foram fundamentadas, e Gregório teve sua inocência reconhecida. Aclamado pelos fiéis e pelo povo, reassumiu a diocese.

Depois desse episódio do exílio, o conceito de Gregório de Nissa subiu muito no mundo cristão, e ele resolveu inúmeras divergências entre as igrejas orientais, sendo o mediador de questões doutrinárias e mesmo administrativas. Cumpriu também missões determinadas pelo próprio imperador e teve participações decisivas nos concílios de Antioquia e de Constantinopla, em 394, onde se definiu a “coluna da ortodoxia”. Além disso, estabeleceu a paz entre as Igrejas da Arábia e da Palestina.

Há muitos pontos em comum entre Gregório de Nissa e Tomás de Aquino, se compararmos, no trabalho de ambos, o cuidado em dar aos problemas enfrentados, cada um à sua época, uma resposta em sintonia com os dados da fé e as exigências da razão. Gregório de Nissa é considerado um dos padres orientais mais expressivos do século IV. Ele morreu entre os anos 395 e 400, e sua festa se comemora no dia 9 de março.

Texto: Paulinas Internet