Longuinho viveu no primeiro século, e dele muito se falou e escreveu, sendo encontrado em todos os registros contemporâneos relacionados à Paixão de Cristo. Há citações sobre ele nos Evangelhos, em epístolas dos Santos Padres e em martirológios, tanto orientais quanto ocidentais. Esses relatos levaram a uma combinação de diferentes situações, mas, em todas, ele foi identificado como um soldado centurião presente na cena da crucificação.
Os apóstolos escreveram que ele foi o primeiro a reconhecer Cristo como “o filho de Deus” (Mt 27,54; Mc 15,39; Lc 23,47). Em meio ao coro de insultos e escárnios, teria sido a única voz favorável a Jesus, afirmando Sua Divindade. Foi identificado pelo apóstolo João (19,34) como o soldado que “perfurou Jesus com uma lança”, fato que lhe deu o nome de Longuinho, palavra derivada do grego que significa “uma lança”. Outros textos dizem que era o centurião que comandava os poucos soldados que guardavam o sepulcro do crucifixo e presenciavam as crucificações, o que lhe permitiu presenciar a de Jesus, depois da qual se converteu.
Segundo a tradição, os crucificados tinham seus pés quebrados, para facilitar a retirada da cruz, mas, como Jesus já estava com os pés soltos, um dos soldados perfurou o lado do seu corpo com uma lança. O sangue que saiu desse ferimento respingou em seus olhos, e o soldado, caindo em si e tocado pela graça, se converteu, abandonou para sempre o exército e sua moradia e se tornou um monge, que percorreu a Cesareia e a Capadócia, atual Turquia, levando a Palavra de Cristo e, mais tarde, promovendo prodígios pela graça do Espírito Santo.
Entretanto, o governador de Cesareia, que estava irritado com a conversão de seu secretário, descobriu sua identidade de centurião e o denunciou a Pôncio Pilatos, em Jerusalém. Este acusou Longuinho de ter desertado e o condenou à morte, caso não oferecesse incenso no altar do imperador, renegando a fé. Longuinho se manteve fiel a Cristo, por isso foi torturado, tendo seus dentes arrancados e a língua cortada, e, depois, decapitado.
No Oriente, são inúmeros os dias do calendário para as suas homenagens. O mais frequente, no entanto, ainda é 16 de outubro. Na Europa e na América, a comemoração ocorre no dia 15 de março, como indica o Livro dos Santos do Vaticano.
São Longuinho, à luz de muitas tradições, comumente é invocado pelos devotos para encontrar objetos perdidos. Os artistas, ao longo do tempo, foram atraídos pela singularidade de sua figura e o representaram em suas obras na cena da crucificação, com lança ou sem lança, mas sempre presente. Em Roma, na Basílica de São Pedro, na base de um dos quatro pilares que sustentam a imensa cúpula que cobre o espaço do altar do trono do Sumo Pontífice, está a estátua do centurião São Longuinho, que foi o primeiro a acreditar na divindade de Cristo.
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