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Sábado, 27 de Abril de 2024
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Dica de Vida Saudável do dia 24 de maio
Operação mãos limpas
Operação mãos limpas
Pixabay

Uma pesquisa realizada pela TNS Global Market Research, uma das maiores consultorias de informação do mundo, comprovou as suspeitas: o brasileiro é imbatível no chuveiro. Em média, tomamos banho 19,8 vezes por semana, quase três vezes por dia, superando, de longe, russos, com 8,4 banhos semanais, japoneses, com 7,9 e franceses, 7,7. O hábito que faz parte do nosso dia a dia foi herdado dos indígenas. Conta-se que os primeiros portugueses que aqui chegaram estranhavam o costume de os índios se banharem várias vezes por dia, até – literalmente – eles próprios sentirem na pele o calor dos trópicos e aderirem ao costume, por si só saudável. Melhor, porém, seria se tivéssemos o mesmo zelo higiênico para partes determinadas do corpo. É o que garante o pediatra e infectologista Edimilson Vigotski, para quem não faria mal se tomássemos menos banhos e lavássemos mais as mãos. “Contribuiria para evitar doenças como conjuntivites, gripes e resfriados, entre outras”, afirma.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), lavar as mãos habitualmente, impedindo a propagação de germes e fungos por mais tempo, reduziria em até 40% a incidência de infecções gastrintestinais (como a diarreia), oculares e de pele. O impacto seria positivo nos países em desenvolvimento e emergentes. No Brasil, por ano, 400 mil pessoas, incluindo idosos, são internadas devido a complicações da diarreia. O problema é mais grave em crianças de até 5 anos. Em 2011, mais de 130 mil crianças desta faixa etária foram internadas em razão do problema. “Elas são as mais afetadas em função da falta de noção de higiene e do comportamento que permite que se tenha acesso aos agentes infecciosos: ao porem, por exemplo, a mão no chão e, depois, na boca, nariz ou olhos”, explica Edimilson Vigotski. Segundo ele, esse grupo, quando adoece, é o que apresenta mais probabilidade de ter complicações que podem levar à morte.

Lavar as mãos corretamente com sabonete, ao chegar em casa, é uma medida de higiene e de cuidado com todos os que coabitam no espaço doméstico. Uma criança que, por exemplo, traz germes de creche ou da escola pode infectar a todos na família com o vírus influenza, da gripe, uma vez que esse pode sobreviver por mais de 48 horas em superfícies como interruptor de luz, controles remotos, bocal de telefone ou maçanetas – locais tocados por todos os moradores de uma residência. Lavar as mãos com sabonete reduziria consideravelmente essa transmissão. Para isso acontecer, no entanto, é necessário que as crianças sejam bem orientadas. O que nem sempre acontece. Uma pesquisa encomendada em 2010 pela Unilever (fabricante de produtos alimentícios, de higiene e de limpeza) e realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) junto a mães brasileiras de diferentes classes sociais apontou que apesar de uma grande maioria delas (84%) afirmar lavar suas mãos com sabonete após ir ao banheiro, apenas 25% confirmaram se importar que seus filhos façam o mesmo. E mais: 40% delas revelaram que seus filhos apenas lavam as mãos até três vezes por dia.

A questão, portanto, é cultivar bons hábitos de higiene. Afinal, tão importante quanto vacinar uma criança contra todas as doenças possíveis é ensinar a ela, desde cedo, a importância dos bons hábitos de higiene, entre eles o de lavar as mãos em diferentes situações e não apenas após usar o banheiro ou antes das refeições. Para isso basta apenas mais atenção, tempo e boa vontade por parte dos pais e das escolas. A mesma pesquisa realizada pelo Ibope revelou que 72% das mães ouvidas concordam ser fácil ensinar às crianças o hábito de sempre lavar as mãos com água e sabonete. O problema é que 57% delas acham cansativo ter que relembrar aos filhos esta necessidade e apenas um terço acredita que seus filhos, na escola, lavam as mãos com sabonete. Para essas, fica o aviso: por mais desgastante que seja, ser pai e mãe é uma ocupação em tempo integral. Dá trabalho, mas nada pode ser mais gratificante do que a sensação de ensinar aos filhos a fazer a coisa certa.

César Vicente/Revista Família Cristã, edição 931.