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Sábado, 04 de Janeiro de 2025
Paulinas - A comunicação a serviço da vida
Mensagem do dia 02 de janeiro
Dirijo, não bebo!
Dirijo, não bebo!
Pixabay

Despertou-me a atenção uma cena do cotidiano numa rua do Bairro da Paróquia onde exerço o meu ministério. Era cedo, de manhã. Dois amigos caminhavam com uma garrafa, cada um em sua mão. Cheguei perto e percebi que um tinha a garrafa vazia e o outro cheia. Não imaginava qual seria o seu conteúdo. Ouvindo a conversa fiquei curioso e me aproximei ainda mais. Um lamentava que não tinha mais cachaça para passar o dia. O outro, manifestando-se solidário, logo se prontificou em partilhar a metade da que tinha em sua garrafa.

Na medida em que andavam, iam tomando seus goles que os alegrava. Por coincidir o caminho deles com o meu, ouvi que um comentava com o outro: “Eu preciso tomar! Já estou acostumado! Afinal, é minha única diversão. E ainda mais, eu não tenho carro, não dirijo e o bafômetro não me atinge, posso beber”. O amigo e companheiro também confirmou a mesma sorte.

“Não dirijo! Posso beber!” Seguindo o caminho ia pensando na cena, nas palavras e nas duas criaturas que andavam sem rumo. Não dirigir carro não é problema algum. Tanta gente bem-sucedida na vida não dirige. Tantas pessoas responsáveis e realizadas não têm carro e não dirigem. Até há gente que tem carros de última geração e não dirige.

O pior que possa acontecer para uma pessoa é deixar o volante da vida nas mãos de qualquer um, ou da cachaça, da droga ou da alienação. Deus nos concedeu o dom da liberdade para que aprendamos a dirigir a vida com sujeitos responsáveis e não como objetos à deriva, desprovidos de rumos e ideais.

Ao pensar nos dois amigos que encontrei no caminho, um deles de uns trinta anos e outro de uns quarenta, imaginei o potencial de dons que estaria dentro deles. O que estavam fazendo de suas vidas e o que poderiam fazer. É verdadeira aquela história dos jovens que foram consultar um sábio para apanhá-lo em contradição. Cada um levava um pássaro na mão. Combinaram em perguntar ao sábio como estaria o pássaro. Caso dissesse que estaria vivo, apertariam as mãos e o matariam. Caso dissesse que estaria morto, abririam a mão e o soltariam com vida.

Com a armadilha pronta, chegaram ao velho sábio e o encontraram sorridente e aberto para o diálogo. Logo perguntaram: “Como está o pássaro em nossa mão?” O velho olhou com carinho para os jovens e logo lhes disse: “O pássaro está como vós quereis que esteja!”

Encantados com a sabedoria o abraçaram, mas o sábio logo fez a aplicação da cena simbólica dizendo: “Meus jovens, a nossa vida está em nossas mãos. Deus no-la deu e dela nos fez responsáveis. A cada dia a vida está como nós queremos”.

É claro que tantas vezes somos atingidos por situações e condicionamentos que nos prejudicam e até nos imobilizam por um tempo. Porém é sempre necessário resgatar a capacidade de dirigir a vida, assumindo o volante, sem nos deixar levar de carona, ou então movidos a álcool sem futuro, atrofiando um potencial de vida que Deus colocou em nós para sermos construtores de um mundo melhor.

Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 02.