Numa densa floresta da região Amazônica, as árvores viviam seguras e amparadas umas nas outras. Formavam um conjunto nativo de rara beleza. Um verdadeiro hino à criação era entoado quando chegava o vento forte na floresta. Mesmo que se abatessem tormentas e vendavais, a floresta garantia a segurança de cada árvore. É o fenômeno da natureza com suas leis. É a admirável sabedoria do Criador inscrita em suas obras.
Mas como há cabeças de humanos que imaginam pensar melhor que o Criador e como há corações humanos que pulsam ao ritmo da ganância, também há mãos que respondem com ações demolidoras. Assim, a floresta foi sendo invadida por grandes tratores que andavam paralelos e unidos por uma grande corrente, derrubando, sem piedade as centenárias árvores daquele santuário.
No desolado cenário de destruição, uma grande castanheira escapou intacta, ficando sozinha e desamparada. Antes, sentia-se segura e tranquila, amparada pelas demais árvores da floresta e sendo amparo para as que estavam ao seu lado. Agora, a solidão a deixou totalmente insegura, frágil e exposta aos perigos dos ventos e das chuvas. O desespero tomou conta da castanheira, a ponto de desejar a morte.
Os longos anos de vida, passados lado a lado, na imensa floresta, haviam acomodado a castanheira na dependência das outras árvores. Quando viesse o vento forte, uma escorava a outra e nenhuma caía. Este modo de viver e conviver nunca a levou a se preocupar com as raízes, pois não era tanto delas que dependia a segurança.
A situação desconfortável e crítica que agora a envolvia, levou-a, forçosamente a tomar uma decisão: investir no aprofundamento e fortalecimento das raízes. Assim sendo, deixou de lamentar-se e foi superando o desespero pela corajosa decisão de firmar suas raízes, sem perder tempo e energia. A cada dia sentia-se mais segura, mais autêntica e feliz. Na medida em que os ventos chegavam, sentia-se mais provocada e mais investia em suas raízes. Esta castanheira continua viva e fecunda, porque investiu nas raízes.
Esta parábola da árvore sábia, pode sugerir uma revisão de nosso projeto de vida. Uma gradativa prova de sabedoria, confirma-se na capacitação de ser o que se é, como indivíduo, e ser com os outros como parte de uma sociedade. A popular expressão: “Maria vai com as outras”, não é apenas acusação simplista, mas uma tentação forte de quem vai sendo levado pela onda do inconsciente coletivo.
É bom sermos floresta, mas muito mais importante é ser árvore na floresta, capaz de firmar raízes e enfrentar os ventos contrários, as chuvas e os temporais, mesmo quando a floresta não nos dá segurança. A fé cristã, conectada com a busca da vontade do Pai, a escuta e a prática da Palavra de Deus, vai firmando nossas raízes e edificando a nossa casa sobre a rocha. Hoje, decididamente, estamos num tempo que clama por sermos místicos, porque passou o tempo da unanimidade e da cristandade. O Creio cristão não começa pela maioria, mas pela adesão pessoal ao Cristo, fundamento de nossa fé.
Veja mais mensagens para o dia 21 de setembro
-
Árvores, irmãs árvores!
Vivei em paz, em harmonia, apesar das diferenças que aos olhos humanos parecem enormes. Como as palmeiras imperiais, os jequitibás, os baobás se sentem ao lado de pequenos arbustos? Árvores carregadas...
-
Árvore
Plantada junto ao rio, que mana, flui morro abaixo, águas vivas, permanece firme, erguida; ramos estendidos dão sombra, chegam ao azul do céu; verde, frondosa, copa abundante, visitada por incontáveis...