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Sábado, 21 de Setembro de 2024
Paulinas - A comunicação a serviço da vida
Mensagem do dia 21 de setembro
Parábola da árvore sábia
Parábola da árvore sábia
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Numa densa floresta da região Amazônica, as árvores viviam seguras e amparadas umas nas outras. Formavam um conjunto nativo de rara beleza. Um verdadeiro hino à criação era entoado quando chegava o vento forte na floresta. Mesmo que se abatessem tormentas e vendavais, a floresta garantia a segurança de cada árvore. É o fenômeno da natureza com suas leis. É a admirável sabedoria do Criador inscrita em suas obras.

Mas como há cabeças de humanos que imaginam pensar melhor que o Criador e como há corações humanos que pulsam ao ritmo da ganância, também há mãos que respondem com ações demolidoras. Assim, a floresta foi sendo invadida por grandes tratores que andavam paralelos e unidos por uma grande corrente, derrubando, sem piedade as centenárias árvores daquele santuário.

No desolado cenário de destruição, uma grande castanheira escapou intacta, ficando sozinha e desamparada. Antes, sentia-se segura e tranquila, amparada pelas demais árvores da floresta e sendo amparo para as que estavam ao seu lado. Agora, a solidão a deixou totalmente insegura, frágil e exposta aos perigos dos ventos e das chuvas. O desespero tomou conta da castanheira, a ponto de desejar a morte.

Os longos anos de vida, passados lado a lado, na imensa floresta, haviam acomodado a castanheira na dependência das outras árvores. Quando viesse o vento forte, uma escorava a outra e nenhuma caía. Este modo de viver e conviver nunca a levou a se preocupar com as raízes, pois não era tanto delas que dependia a segurança.

A situação desconfortável e crítica que agora a envolvia, levou-a, forçosamente a tomar uma decisão: investir no aprofundamento e fortalecimento das raízes. Assim sendo, deixou de lamentar-se e foi superando o desespero pela corajosa decisão de firmar suas raízes, sem perder tempo e energia. A cada dia sentia-se mais segura, mais autêntica e feliz. Na medida em que os ventos chegavam, sentia-se mais provocada e mais investia em suas raízes. Esta castanheira continua viva e fecunda, porque investiu nas raízes.

Esta parábola da árvore sábia, pode sugerir uma revisão de nosso projeto de vida. Uma gradativa prova de sabedoria, confirma-se na capacitação de ser o que se é, como indivíduo, e ser com os outros como parte de uma sociedade. A popular expressão: “Maria vai com as outras”, não é apenas acusação simplista, mas uma tentação forte de quem vai sendo levado pela onda do inconsciente coletivo.

É bom sermos floresta, mas muito mais importante é ser árvore na floresta, capaz de firmar raízes e enfrentar os ventos contrários, as chuvas e os temporais, mesmo quando a floresta não nos dá segurança. A fé cristã, conectada com a busca da vontade do Pai, a escuta e a prática da Palavra de Deus, vai firmando nossas raízes e edificando a nossa casa sobre a rocha. Hoje, decididamente, estamos num tempo que clama por sermos místicos, porque passou o tempo da unanimidade e da cristandade. O Creio cristão não começa pela maioria, mas pela adesão pessoal ao Cristo, fundamento de nossa fé.

Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 02.