João Paulo II, santo já! Quem não lembra aquela cena emocionante dos primeiros dias de abril de 2005, quando a multidão gritava na Praça de São Pedro, declarando a santidade do Papa que marcou a humanidade com a presença, a palavra e os gestos de proximidade e amor? A rapidez de sua beatificação e sua canonização, comprovam a passagem de um homem santificado e santificador, num tempo de complexidade e acentuado secularismo.
Numa de suas visitas ao Brasil, quando beatificou a Madre Paulina, em Florianópolis, João Paulo II dizia que o Brasil precisa de santos. Naquela época li o comentário de um jornalista, referente a esta afirmação do Papa. Dizia ele que, a princípio, achava estranha a afirmação, mas depois começou a pensar e compreendeu o porquê da necessidade de santos. Escrevia então que, se o Brasil tivesse mais homens e mulheres santos e santas, haveria menos corrupção, mais bondade, justiça e senso de humanidade. Concluía seu artigo dizendo: “O Papa tinha razão!”.
Como imaginamos homens e mulheres santificados? Começo dizendo que são gente da nossa gente que honra e dignifica a condição humana. Não são anjos, nem super-homens, nem supermulheres, mas pessoas tão humanas que se deixam possuir pelo divino, permanecendo na terra, caminhando ao nosso lado. Quanto mais se aproximam de Cristo, mais se aproximam dos humanos sem fugir do cenário de nossas realidades mais contraditórias.
Santificados, sim! Porque a santidade não é resultado matemático de nossos esforços e artifícios. Quem santifica é Deus Pai. Ele é o santo e a fonte de toda a santidade. É ele que nos envia seu Filho como medida correta para nossa verdadeira santidade. Seu Espírito Santo, agindo em nós, nos faz santos. Honrar os santos significa, antes de tudo, honrar a Deus Pai, o todo santo. As pessoas podem ser chamadas “santas” enquanto souberam imitar, apesar de suas debilidades, a santidade de Deus. “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2).
Na verdade, os santos e santas são o melhor fruto da Páscoa de Jesus Cristo, o “Santo de Deus”: ouviram a sua palavra, procuraram praticá-la e foram aprendendo seu estilo de vida. Honrar os santos é festejar e celebrar o êxito de Cristo e da dignidade humana a que somos chamados. Todos os santificados são também santificadores. Seu exemplo de vida, sua capacidade de superação, seu jeito de ser e se relacionar, suas ações benéficas e sua fé traduzida em obras, liberam um contágio estimulante a tantos que buscam uma vida melhor. Referindo-se a João Paulo II, seu ex-secretário, Cardeal Stanislaw Dziwisz afirma: “João Paulo II continua sendo um líder espiritual para muitas pessoas e os ensinamentos dele inspiram uma vida melhor”.
Agostinho de Hipona, em seu processo de conversão procurava conhecer a vida e as obras dos santos e dizia: “Se tantos e tantas venceram, por que não haverei de vencer!”. Aproximando-nos dos santos, aprendemos melhor o caminho para Cristo ressuscitado, nosso princípio e nossa meta.