Inês, filha de Premislau I, rei da Boemia, atual República Tcheca, e da rainha Constância, da Hungria, nasceu em Praga em 1205. Devido à sua condição real, desde a infância nunca teve seus desejos levados em consideração, sendo envolvida em projetos de matrimônio conforme as necessidades políticas ou econômicas do reino.

Aos 3 anos de idade foi entregue aos cuidados da abadessa Edwiges, mais tarde santa, que a acolheu no seu mosteiro cisterciense e lhe ensinou os primeiros fundamentos da fé cristã. Voltou para Praga com 6 anos e foi enviada para outro mosteiro, para receber instruções e ser preparada para as funções da realeza. Em 1220, prometida em casamento a Henrique VII, duque da Áustria e filho do imperador Frederico II, foi para a corte austríaca, onde viveu durante cinco anos, mantendo-se sempre fiel aos deveres da vida cristã.

Inês voltou para Praga quando os soberanos romperam o pacto do matrimônio, passando a viver mais intensamente para as orações e as obras de caridade. Após uma profunda reflexão, decidiu consagrar a Deus sua virgindade, mas outras alianças de casamento lhe foram propostas, e ela era coagida a aceitar uma delas. No entanto, o papa Gregório IX, cuja proteção Inês havia pedido, interveio, reconhecendo a intenção de sua virgindade. Desde então, Inês adquiriu para sempre a liberdade e a felicidade de tornar-se esposa de Jesus Cristo.

Por meio dos Irmãos Menores de São Francisco, que iam a Praga como evangelizadores itinerantes, conheceu a vida espiritual que levava em Assis a virgem Clara, segundo o espírito de São Francisco. Fascinada, decidiu seguir seu exemplo e, com seus próprios bens, fundou em Praga o hospital de São Francisco e um mosteiro masculino, para que fossem dirigidos por eles. Em 1236, pôde ingressar no Mosteiro das Clarissas de São Salvador de Praga, fundado por ela mesma, com cinco irmãs enviadas por Clara diretamente de seu mosteiro, em Assis. Em obediência ao papa Gregório IX, Inês aceitou ser abadessa, função que exerceu até morrer.

Inês manteve uma relação epistolar profunda com Clara de Assis, que lhe consagrou singular amizade, chamando-a de “metade de minha alma”, tamanha era a afinidade espiritual que possuíam. Das inúmeras correspondências trocadas, sobre assuntos de perfeição seráfica, ainda se conservam quatro.

Dedicou-se de corpo e alma ao serviço aos pobres, fundando para eles um hospital, entregue à direção das Clarissas. Assumiu a mais absoluta pobreza, renunciando às rendas e vivendo de esmolas e doações. Os dons da cura e da profecia lhe foram acrescentados pelo Espírito Santo, em consequência de sua evolução e purificação espiritual.

A fama de sua santidade já se propagava quando faleceu em Praga, no dia 2 de março de 1283. Está sepultada na capela do mosteiro que fundou, hoje dedicado a ela, e seu culto foi reconhecido em 1874. Em 1989, papa João Paulo II canonizou-a e declarou-a padroeira da cidade de Praga.