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Quarta-feira, 14 de Maio de 2025
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Santo do dia 05 de março
São Focas
Mártir (+303)
São Focas
Rebeca Venturini / FC

Deixando de lado o nome, incomum no Ocidente, o mártir comemorado neste dia foi protagonista de uma interessante história. Seríamos levados a considerá-la fantasiosa se o narrador não fosse o bispo Astério de Amaseia, na comemoração do centenário de seu martírio, no século V. Um panegírico inteiramente confiável pela concisão e pelo tom de contida admiração, como é próprio de um bom cronista.

Focas era um modesto camponês de Sínope, no Ponto Euxino, próximo ao Mar Negro. Para entendermos sua história, convém lembrar que, na extremidade do Império, a perseguição ao Cristianismo, desencadeada por Diocleciano, golpeava indistintamente grandes e pequenos: do bispo e do intelectual até o camponês mais humilde.

Focas trabalhava como hortelão, e seu nome figurava não só na relação dos indiciados, como também na dos condenados, e a sentença devia ser executada “em domicílio”, sem outra formalidade além da identificação do réu confesso. O corajoso hortelão estava certo do perigo que corria por ser cristão. Os dois ou quatro executores – o bispo é omisso nesse ponto – não conheciam Focas de vista; sabiam apenas vagamente seu endereço.

Quando se apresentaram em sua casa, o hortelão os fez sentarem-se à mesa; eles comeram falando sobre tudo e, ao término do almoço, Focas pediu permissão para ausentar-se um pouco. Foi até a horta e abriu uma cova; depois, entrou em casa e disse simplesmente: “Sou eu aquele a quem procurais, estou pronto”.

Em face do compreensível mal-estar dos hóspedes, Focas foi incisivo: “Fazei sem demora o que tendes de fazer”, e lhes mostrou a cova. Dentro dela caiu pouco depois o corpo do mártir decapitado.

A edificante e ingênua narrativa não é muito clara sob o ângulo histórico. Existem três santos mártires com esse mesmo nome. Os outros dois são lembrados nos dias 14 e 23 de julho, mas ao que parece os três constituem uma só pessoa. Registram-se desde o século V testemunhos de culto de São Focas não só no Ponto Euxino, mas igualmente nas ilhas Cicladas, na Sicília, em Constantinopla e Antioquia, onde seu culto se desenvolveu de modo particular.

Retirado do livro: 'Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente', Paulinas Editora.